“ABRAM ALAS À PERENE POESIA ...” (Jorge de Souza Araújo)
Mais conhecida fora da Bahia por conta da obra de Jorge Amado e Adonias Filho, a região Grapiúna, cujas cidades pólo são Ilhéus e Itabuna, onde se desenvolveu o cultivo do cacau, também viu nascer poetas de fundamental importância para a literatura baiana, como Adelmo Oliveira, Ildásio Tavares, Abel Pereira e Florisvaldo Mattos, apenas para citar alguns.
Calcados nessa forte tradição, uma nova geração de poetas grapiúnas foram apresentados em Diálogos – Panorama da Nova Poesia Grapiúna (Ilhéus/Itabuna: Via Litterarum/Editus, 2009), obra organizada pelo poeta e ensaísta Gustavo Felicíssimo. Aos dez antologiados da primeira edição – Edson Cruz, Heitor Brasileiro Filho, Noélia Estrela, Piligra, George Pellegrini, Rita Santana, Fabrício Brandão, Daniela Galdino, Mither Amorim e Geraldo Lavigne – juntam-se, agora, em segunda edição, mais dois poetas – André Rosa e Marcus Vinícius Rodrigues – dessa vez com sete poemas cada um, contra cinco da primeira edição. São doze poetas (alguns deles bastante premiados) que já estão inseridos entre aqueles que produzem a melhor poesia baiana, quiçá brasileira, deste início de século.
Como afirma o crítico de arte Henrique Wagner, “a segunda edição de um livro de poemas é acontecimento incomum, infelizmente, em nossos dias – e em verdade sempre o foi, mas tem sido cada vez mais incomum, a ponto da primeira edição já ser, ela mesma, uma raridade. Se tal acontece, é porque um milagre chegou perto de acontecer, se não aconteceu, de fato”.
Com palavras envolventes, com a maestria de quem acumula longa e reconhecida navegação pelas Letras – seja como poeta, ficionista, ensaísta, professor, pesquisador – o Prof. Dr. Jorge de Souza Araújo (UEFS) apresenta ao público, num prefácio honroso, a sua análise a respeito da segunda edição (revista e ampliada) da antologia “Diálogos: panorama da nova poesia grapiúna” (Editus, Via Litterarum, 2010, organização Gustavo Felicíssimo). Eis as palavras do nosso bardo:
“[...] A presente antologia revela que o organizador se baseia em critérios estéticos e paradigmas particulares. Os antologiados e o organizador se afastam com prudência recomendável do que possa ser confundido com o simples aflorar da emoção noviça prestando-se também ao sediço da pressa, da reles imitação, ou mesmo do pacto facilitário entre o discurso pedante e a composição discursiva, ideológica ou sentimental. Cada poeta aqui reunido em Diálogos expõe suas vísceras existenciais em signos impressivos de uma personalidade em vigília, expondo também as marcas referenciais da leitura de outros poetas, alguns canônicos, outros icônicos. Assim ecoam Cabral, Drummond, Bandeira, Adélia Prado, Fernando Pessoa, Mallarmé, sem que se perceba uma tautologia barata, fruto da mímese deslavada e, não raro, preguiçosa. Os antologiados dialogam entre si opondo estilos distintos, mesclando experiências múltiplas e influxos renovadores, conforme filosofia de composição, metafísica e ontologia diferenciadas, resultado de processos estéticos e estilísticos de acordo com variáveis de pesquisa formal, intuição, labor e artesanato, naturismo temático, espontaneidade da emoção domada, técnica ou ausência dela etc. etc [...]”
A segunda edição, revista e ampliada, de Diálogos, será lançada no próximo dia 11 de dezembro, às 18 horas, na Academia de Letras de Ilhéus (Rua Jorge Amado, nº 21, Centro, Ilhéus –BA.), oportunidade em que haverá um bate-papo com Jorge de Souza Araújo (poeta e Prof. da UEFS), prefaciador da obra, e Aleilton Fonseca (ficcionista e Prof. da UEFS) sobre a poesia baiana contemporânea.
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