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Saturday, January 14, 2012

GUEST POST: ARTE INSPIRADA EM UM ARTIGO MEU

Como já falei aqui, não sou mais colaboradora do jornal A Notícia, de Santa Catarina, em que escrevi durante 14 anos. Uma das muitas alegrias que tive nesse período foi receber, no ano passado, o email de Marineusa Fossa Bernardy, de 39 anos, que mora na pequena cidade catarinense Vitor Meireles. Pedi para ela desenvolver mais o que me contou no email. Publico aqui, com todas as lindas fotos que Mari me mandou. Muito obrigada pela honra de um artigo meu servir de muso inspirador, querida!

Faz 10 anos que eu me interessei por pintura. Sempre achei maravilhoso e sempre sonhei em pendurar na minha sala trabalhos meus! Mas não imaginava que fosse me identificar tanto! Moro numa cidade de interior, mas interior mesmo que somente há quatro anos possui ligação asfáltica (antes se chovia a gente quase não conseguia sair daqui). Mesmo assim, consegui me formar em Pedagogia, porém nunca exerci a profissão. E foi na pós-gradução em Psicopedagogia que descobri o meu amor pela arte.
Ingressei em cursos de pintura em cidades vizinhas, até encontrar um na cidade de Rio do Sul onde a professora exigia nosso envolvimento com a arte, o pensar e o fazer arte. Hoje faço parte do IBIART da cidade de Ibirama, um grupo que pensa e tenta desenvolver a arte e a cultura naquela cidade e região.
Eu não vivo da arte (infelizmente ainda não dá pra viver disso). Sou dona de uma empresa na minha cidade e nas horas que posso (além da noite, sábados, domingos e feriados) me dedico a minha arte. Muitas vezes já me senti incompreendida e desvalorizada, pois na minha família e na cidade não existem pessoas ligadas à arte. Aí você precisa provar que é possível! É possível pintar tudo aquilo que a gente sente, tanto as coisas belas como as nem tanto. A arte está na minha alma e eu sinto necessidade de colocar isso na tela!
Procuro transmitir os meus valores, a minha forma de ver o mundo, as emoções e sentimentos que ele me provoca, mas principalmente gosto de transmitir os valores feminimos, que sempre aparecem nos meus trabalhos. Então, quando surgiu a possibilidade de realizar a exposição com o tema RECICLAR a minha primeira ideia foi: RECICLAR MULHER! Mas no início não conseguia pensar em como colocar isso na tela. Fiquei quase um mês pesquisando e pensando, e nada... Até que vi a matéria no jornal, na coluna Cartas da Lola: "Cirurgia para padronizar vaginas". E logo pensei: ACHEI! Era tudo aquilo que eu estava querendo dizer, mas a minha forma de dizer não é escrevendo, é pintando! Então encomendei uma tela grande, 1,20 x 1,20, e comecei a planejar o trabalho. Fiz muita xerox do texto, de algumas palavras e até de frases que eu achei importantes e comecei a montar a tela. Foram mas de 30 dias de estudo e pintura e lá estava ela... quase pronta! Mas aí bateu a paranoia! Será que estou no caminho certo? Será mesmo que posso falar em reciclar mulher? Será que falar de menstruação, copinho de silicone, coletor menstrual e cirurgias plásticas vai pegar bem? Cheia de dúvidas, mas certa que estava no caminho por pintar algo que mexia e mexe tanto comigo, fui em frente. Terminei o trabalho e o levei para a exposição. No final das contas, foi muito legal e chamou a atenção das pessoas.
O Reciclar Mulher é tudo aquilo que sempre lutei e acreditei na minha vida: a minha valorização como mulher! Mulher que corre atrás de ser mãe, profissional, amiga, amante, irmã, filha e tudo aquilo que somos. Mas principalmente mulher que nunca perde a sensibilidade, que carrega o mundo nas costas todos os dias sem perder a firmeza naquilo que acredita. Mulher que deve ter clareza da beleza da sua condição de mulher. Que precisa reciclar o amor ao seu corpo de mulher para descobrir a beleza única que cada uma de nós possui. Que precisa reciclar seus conceitos de ser "normal" e ser diferente. Deixar aflorar e saber respeitar o belo que existe nas nossas partes mais íntimas. Reciclar nosso desejo de ser "normais" e descobrir que na diferença encontramos a beleza!
E termino escrevendo uma frase que gosto muito da nossa querida Clarice Lispector (ela sempre me inspira muito): "Sabe o que eu quero de verdade? Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma."

Monday, December 19, 2011

DETESTO DESPEDIDAS. ADEUS

Semana passada recebi o telefonema carinhoso da minha editora no jornal. Este é o texto que foi publicado ontem no jornal.
Tenho boas e más notícias pra contar. Qual você quer ouvir primeiro? Ok, a má: esta é minha última coluna no A Notícia. E agora a boa: esta é minha última coluna no A Notícia. Claro, dependendo de quem lê, a mesma notícia é boa ou má. Pra quem me considera meio diferente, anti-convencional, feminista demais, de esquerda, ateia, e várias outras coisas que sempre fui e continuarei sendo, não deixa de ser uma boa notícia que eu pare de colaborar pro jornal. Mas pra quem gostava de me ler, e principalmente pra mim, é uma péssima notícia. Eu adorava escrever aqui. Comecei em março de 1998 e de lá pra cá, quase que ininterruptamente, enviava ao menos um texto por semana pro jornal. Passei por vários editores do Anexo, e gostei de todos, sem exceção. Sempre fui muito bem tratada. Nunca fui censurada, mesmo sabendo que minha linha de pensamento está distante da linha editorial da grande imprensa. E, pelo que me consta, não fui cortada por nada que escrevi ou deixei de escrever, mas por razões orçamentárias mesmo. Também pesou que eu não moro mais em Joinville. De fato, agora em janeiro vai fazer dois anos que me mudei pra Fortaleza. O jornal era meu último vínculo com a cidade das flores, e isso me deixa triste, porque nos quinze anos que vivi aí, eu amei Joinville. E ainda amo.
Acho que lembro de tudo relacionado a minha trajetória na Notícia. Lembro da primeira crítica que enviei pro jornal, por email. Era falando horrores de Amistad, filme do Spielberg. A crítica foi publicada, e outras também, às vezes, sem que eu recebesse um email ou telefonema de resposta. Lembro quando fui à redação pela primeira vez, e o pessoal queria saber quem era essa figura misteriosa que escrevia bem sem ser jornalista. Lembro de quando eu redigia duas crônicas semanais curtinhas, fofas, pro AN Verão, que tinha um público totalmente diferente do do Anexo. Lembro do Alex, um menino de 14 anos que fez um site meio fã-clube só pra colocar minhas crônicas na internet, e da minha preocupação em estar corrompendo a juventude. Lembro da Mica, uma leitora que publicou uma resposta bem educada a minha crítica de O Colecionador de Ossos (eu odiei, ela amou); ainda nos falamos pelo Twitter; ela se tornou advogada, mora em Floripa e continua nerd. Lembro de respostas não tão educadas, como a de um sujeito do sindicato dos jornalistas que me odiou por eu ter detestado Shrek, e apostou que eu era uma velhinha de 80 anos que vivia fazendo compras em shoppings (ainda hoje isso me faz rir: eu, pão dura miserável e anti-consumista, fazendo compras em algum lugar!). Lembro de quando quase fui linchada (de verdade!) na faculdade onde cursava Pedagogia por uma crônica em que falava mal do estágio. Lembro de ter feito uma piadinha estúpida e ter ofendido o Aldo, que então era revisor. Ele nunca me perdoou, e eu tampouco. Lembro de leitoras assanhadas que queriam compartilhar o maridão! Lembro de quando passei um ano em Detroit fazendo doutorado-sanduíche, e comecei o Cartas da Lola. E pouco depois comecei o meu blog, que hoje é um dos maiores blogs feministas do Brasil. Sem a minha disciplina de escrever toda semana pro jornal, eu duvido que teria um blog hoje.
Lembro de vários leitores que conheci pessoalmente. Tinha uma época (bons tempos!) em que alguns iam até a escola de inglês onde eu dava aula pra me dar chocolate durante a páscoa. Um deles, tadinho, foi objeto de grandes especulações entre meus queridos aluninhos adolescentes: “Seu marido sabe que você tem fãs?”, perguntavam eles. E, ao mesmo tempo: “Esse leitor sabe que você é argentina? E ele ainda assim gosta de você?”.
Semanas atrás recebi este email do Rhuan, um jovem que estuda Direito em Joinville:
Muito provavelmente você não deve se lembrar de mim, afinal já faz muitos anos, e nos vimos pessoalmente apenas uma vez. Foi na seguinte situação -- você ainda morava em Joinville, e um dia foi interpelada por mim na saída do banheiro do shopping, acredito que no alto dos meus 15/16 anos, querendo saber se você era a Lola Aronovich e, para minha grata satisfação, era realmente quem eu achava, soltei alguns elogios ao seu trabalho e foi isso, cada um seguiu seu rumo, e acho que logo em seguida trocamos um ou outro email. Sou seu fã desde a época que você escrevia as crônicas de cinema no caderno Anexo do A Notícia e pode parecer bobagem, mas aquele rápido encontro no shopping foi marcante para mim, pois já era um entusiasta das suas crônicas de cinema e as recomendava para os meus amigos. Você deve estar se perguntando qual o intuito desse email, e para ser sincero, nem eu sei. Acompanhei toda sua trajetória para o ambiente virtual, o Escreva Lola Escreva, vi o leque de temas sobre os quais você escrevia aumentar, e junto aumentava meu interesse.
Foi o que você disse num post que me motivou a lhe enviar esse email - 'Eu já disse algumas vezes: escrevo pra quem gosta de mim, pra quem gosta do que escrevo, pra quem me lê. São nessas pessoas que penso quando crio um post. São pra elas que faço o blog.'
Então eu pensei, uau, sou fã da Lolinha há tantos anos, sempre acompanhei seus posts, mas nunca me manifestei nos comentários ou por algum outro meio para lhe dar feedback/suporte, e concluí que isso era muito injusto. Então gostaria que soubesse que além dos seus declarados 'fãs'/seguidores, deve haver, assim como eu, muitos outros que lhe acompanham e torcem silenciosamente por seu sucesso e vibram junto com suas conquistas.
Não se desmotive com os trolls, ameaçadores e cia, lembre-se sempre dos que gostam do seu blog quando estiver de saco cheio.
Lola, gosto MUITO do seu trabalho, e não posso negar que lá no fundinho torci para que ficasse em Joinville, para eu poder esbarrar mais vezes contigo pelas ruas daqui, haha. Fiquei um pouco órfão quando você se mudou para Fortaleza, mas ao mesmo tempo feliz por sua conquista.

Rhuan ficou surpreso ao saber que eu me lembrava perfeitamente dele, e não só porque ele era bonitinho (todos os leitores e leitoras que tive o prazer de conhecer são lindos, não sei o que acontece). Eu lembro porque todos que me mandaram um email, que me deram um abraço, que me presentearam com chocolate, foram e vão continuar sendo importantes pra mim. Só tenho a agradecer aos leitores, ao jornal, aos meus colegas de redação que eu raramente via, por esses quase 14 anos em que vocês me motivaram a escrever. Obrigada, de coração.

Thursday, April 7, 2011

COMO PENSA (?) UM FASCISTA

Entrem em extinção rápido, please.

Recebi o email abaixo de um leitor do jornal, onde publiquei um texto muito parecido com este sobre o Bolsonaro. Dá pra mais ou menos entender como pensa um Bolsonaro boy. Eu digo mais ou menos porque a lógica não costuma ser o ponto forte dessa gente dominada pelo ódio. O que sobressai é uma homofobia intensa, ligada, pra variar, a um enorme machismo. E também uma obsessão por armas de fogo. (Assine uma petição pela lei anti-homofobia).
Uma das coisas mais interessantes nessa discussão sobre o que fazer com o Bolsonaro é a negação da direita de que Bolsonaro é de direita. O pessoal precisa se decidir: direita e esquerda não existem mais, como só quem é de direita costuma dizer? Ou existe, mas é uma direita bacanérrima e séria, distanciada do fascismo bolsonariano? Porque, sei lá, com quem este cara e o deputado têm mais pontos em comum? Comigo, que sou de esquerda orgulhosamente assumida, ou com os demais reaças?
Publico este email (tudo sic) também pros meus trolls se identificarem com um exemplar da espécie. Vocês estão em ótima companhia, rapazes. Assim vocês vão longe.

Sra.Lola,

OSr. Deputado pode não ser politicamente correto, agradeço a coluna, não sabia dos fatos, mas na epóca da ditadura que nem era tão ditadura, pois era possivel até andar armado, hoje em dia, só o Zé... pode ter uma arma, nós do povo antes de comprar temos que pedir autorização se podemos COMPRAR uma arma..., não sou dono de minha vontade, nemdo meu dinheiro, mas dar o r... é bonito, é normal... só o que faltava, vou descobrir a opinião do deputado politicamente incorreto, sobre isso.
Fumar maconha era crime, hoje.. "unzinho não dá nada".
Agora se V.Sa. acha lindo os GLS, e afins, sinto muito, mas considero V.Sa. como apenas mais um dos que pretendem dar uma opinião para a massa de manobra, para que divulgam, incentivam a opção gay ora dar o c... é normal, , dos que manobram os incautos, afinal casamento gay não gera filhos, quer que adotem? Novo gay. novamente sem filhos, é a extinção da raça humana em poucos séculos, opa, os heteros vão ter que manter a espécie, ou para V.Sa. o mundo que termine em fogo depois de v.sa.??disseminação de doenças, não vai acontecer, afinal o povo, V.Sa. inclusa, paga as camisinhas para eles não se sujarem de m*rda, vamos torcer para que usem, e que não arrebentem...
Que tal essa. O Governo dar coquetel HIV, só para quem contrair aids no exercício da função, Ex. enfermeiras, laboratoristas, médicos, socorristas, etc. Que tal.???Uma boa não? Aborto? Ótimo, elas vão poder dar a vontade, engravidou?Sem problemas. O SUS aborta, o povo paga. POr mim se o coquetel for pago por quem contraiu a doença dando,ou usando drogas que se ferrem, querem abortar, que abortem, contrate um médico, um veterinário que se ferrem, querem liberar as drogas, danen-se que liberem, mas liberem a compra e porte de arma, e que se matar um drogado que me ameaçe, seja também descriminalizado. Vá se ferrar dona Lola, v.sa. e umas e outras opinões suas, tem umas que até dá para compreender, mas tem outras... que...
Recebi a indicação de um livro, e vou repassar a indicação, O Imperio de Niall Ferguson. Vai lhe esclarecer algumas idéias.
Só para lhe comunicar, a imprensa que manobra as opiniões, não recebe as opinões do "chão da fábrica", só divulga as que interessa, só para lhe lembrar, lembra do referendo das armas em 2005? A imprensa dizia que o SIM ganhava com mais de 50%, e perderam por quase 70%, alguns estados a diferença chegou a passar de 80%... em certos assuntos povo também pensa dona Lola, embora tentem manobrar.... fora as outras pesquisas que sairam todas erradas...
Hasta la vista, Lola.

E esses fascistas -- não tem outro nome -- planejam parar parte da Av. Paulista este sábado em defesa do seu deputado querido (afinal, nenhum político presta, só o Bolso) e de seus ideais. Um dos grupos de apoio de Bolso no orkut tem quase 4 mil membros. Infelizmente, não é só o louco acima. São muitos.
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