

Eu dei uma olhada no que ele tem pra mostrar até agora, e realmente me parece um projeto de fôlego. E eu sempre achei que a internet carece de bons dicionários gratuitos. Pedi então pra ele escrever um guest post. E acabei de saber que ele me de
u uma palavra de presente (ele está vendendo palavras para financiar o projeto, como explica abaixo): feminismo. Se tudo der certo, o dicionário será lançado em setembro. Obrigada e boa sorte, Felipe!
Como resume o poeta italiano Cesare Pavese, "é bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão". Todos os escritores têm suas técnicas e, também, suas ferramentas. Uma delas, das mais importantes, é o dicionário. Chico Buarque já declarou mais de uma vez sua predileção pelo Caldas Aulete e o seu xodó, o Dicionário Analógico do professor Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, herança do pai. Em prefácio para a recente edição do analógico, Chico escreveu: “por um bom tempo aquele livro me ajudou no acabamento de romances e letras de canções, sem falar das horas em que eu o folheava à toa”
. E depois confessa: “então anotava num Moleskine as palavras mais preciosas, a fim de esmerar o vocabulário com que eu embasbacaria as moças e esmagaria meus rivais”. Um dicionário como o do professor Azevedo é uma mina de diamantes para quem quer escrever. Ou, para ficar na metáfora do querido poeta porto-alegrense, é uma paleta de cores com mais 160 mil tons. Dizia Mário Quintana: "Esses que pensam que existem sinônimos, desconfio que não sabem distinguir as diferentes nuanças de uma cor." E, de fato, a maioria de nós não sabe!
Contraditoriamente, ‘num mundo com cada vez mais informação’, estamos atulhando em clichês. E não estou aqui defendendo os floreios gratuitos, mas a precisão do pensamento: "as palavras certas no seu lugar certo", como definiu o escritor irlandês
Jonathan Swift. Expressar-se sobre temas complexos com um vocabulário indigente é até perigoso. Enfim, um dicionário analógico é o lugar onde o escrevinhador vai para encontrar a palavra que melhor traduza o seu pensamento. Estou com ele sobre o colo neste momento. E estou também com cinco abas do meu navegador abertas com diferentes tipos de ferramentas linguísticas: um dicionário de sinônimos, o Aulete Digital, a wikipédia, um citário e o google. Só para escrever este texto!
E foi em um momento como este, há cerca de três anos, que tive a ideia de construir o Dicionário Criativo, um site que reunisse em uma mesma página diferentes tipos de dicionários e
obras de referência, empregando a estrutura conceitual do dicionário analógico como seu “coração” e seu “cérebro”. De maneira que pesquisando por um termo ou ideia no Dicionário Criativo, toda uma nuvem de significados e referências relacionados àquela pesquisa se desenrole de uma só vez em janelas contendo diversos tipos de analogias: sinônimos, antônimos, definições, palavras interligadas, associadas, ideias afins, frases famosas, provérbios e expressões populares. Essa ideia se tornou uma paixão e hoje desenvolvo parte do projeto dentro do programa de pós-graduação em linguística da Unesp, sob orien
tação do professor Bento, um especialista em Linguística Computacional. Estamos desenvolvendo uma inteligência que relacione as analogias da maneira mais criativa possível. Não sou um entusiasta das novas tecnologias, mas acredito que elas têm essa função de servirem como ferramentas para os mais variados anseios da humanidade. Deixemos as máquinas fazerem o trabalho repetitivo e fiquemos com o que melhor sabemos fazer: criar.
Por um lado tenho claro que o Dicionário Criativo não é uma “calculadora de poeta”, nem um “vitamínico da criatividade” –- como poderiam ironizar alguns puristas. Ele não cria nada, apenas favorece o trabalho de quem cria. Por ou
tro lado, talvez em prejuízo dos mesmos puristas, com esse trabalho reafirmo a minha convicção de que escrever e criar são ofícios, exercícios da nossa mais ampla humanidade, e não resultado de uma inspiração divina, como apregoam por aí. Escrever bem é consequência do trabalho gradual e da entrega apaixonada de cada um. Tanto melhor se as ferramentas que temos nos ajudem a chegar lá.
A internet, pouco a pouco, vem democratizando os meios de comunicação e difusão de ideias. Que tal democratizarmos os meios de produção também? Convido-os a construírem junto comigo o maior dicionário de analogias da internet e a participarem do seu financiamento independente. Para ajudar, bolei uma campanha em que cada pessoa pode adotar uma palavra do Dicionário Criativo, tendo seu nome/link vinculad
o a ela sempre que ela for pesquisada. Você tem alguma palavra que goste em especial? Entre no site e veja se ela ainda está disponível. Cada palavra só pode ser adotada por uma pessoa! Se estiver, preencha seu nome, seu e-mail e depois entre no site do Catarse para finalizar sua adoção. O maior dicionário da internet, com sua ajuda, será em língua portuguesa!

Como resume o poeta italiano Cesare Pavese, "é bom escrever porque reúne as duas alegrias: falar sozinho e falar a uma multidão". Todos os escritores têm suas técnicas e, também, suas ferramentas. Uma delas, das mais importantes, é o dicionário. Chico Buarque já declarou mais de uma vez sua predileção pelo Caldas Aulete e o seu xodó, o Dicionário Analógico do professor Francisco Ferreira dos Santos Azevedo, herança do pai. Em prefácio para a recente edição do analógico, Chico escreveu: “por um bom tempo aquele livro me ajudou no acabamento de romances e letras de canções, sem falar das horas em que eu o folheava à toa”

Contraditoriamente, ‘num mundo com cada vez mais informação’, estamos atulhando em clichês. E não estou aqui defendendo os floreios gratuitos, mas a precisão do pensamento: "as palavras certas no seu lugar certo", como definiu o escritor irlandês

E foi em um momento como este, há cerca de três anos, que tive a ideia de construir o Dicionário Criativo, um site que reunisse em uma mesma página diferentes tipos de dicionários e


Por um lado tenho claro que o Dicionário Criativo não é uma “calculadora de poeta”, nem um “vitamínico da criatividade” –- como poderiam ironizar alguns puristas. Ele não cria nada, apenas favorece o trabalho de quem cria. Por ou

A internet, pouco a pouco, vem democratizando os meios de comunicação e difusão de ideias. Que tal democratizarmos os meios de produção também? Convido-os a construírem junto comigo o maior dicionário de analogias da internet e a participarem do seu financiamento independente. Para ajudar, bolei uma campanha em que cada pessoa pode adotar uma palavra do Dicionário Criativo, tendo seu nome/link vinculad

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