Monday, May 14, 2012

"PONTE ESTREITA EM CURVA SINUOSA"



           Certa feita o escritor Adonias Filho foi questionado: além de cacau, a região sulbaiana produz o quê? Ao que veio a resposta: “escritores”. A “pobre região rica” - que associou a opulência à exploração de trabalhadoras/es nas roças de cacau - se não já é responsável pela maior parte do PIB do estado,  ainda produz vozes literárias diversas. Seja na prosa ou poesia, a região sulbaiana mantém o vigor nas Letras, fornecendo ao campo literário obras que, somadas, compõem um intenso diálogo.
Para não fugir a essa ciranda, o blog “operariadasruinas” divulga o lançamento de Ponte Estreita em Curva Sinuosa, livro de estréia do itabunense Aquilino Paiva. Em breve será publicada, aqui, uma entrevista com o autor.
“O título anuncia um alerta, uma situação de perigo logo à frente. Os 15 contos do livro não permitem estabelecer uma temática de modo preciso. Alguém poderia se arriscar a dizer “suspense”, ou mesmo “terror”, mas os textos tornam difícil uma definição. Ainda que as histórias dos contos estejam repletas de elementos amedrontadores, como a violência, a maldade e, quase sempre, a morte, esses fatores sempre aparecem como face de uma moeda, que tem em oposição outras dimensões humanas, como a crença, os mitos, o amor, a solidão, o tempo.
Sem jamais romper a barreira do sobrenatural, que nunca é revelado, e só aparece, no máximo, como dúvida, Ponte Estreita em Curva Sinuosa usa o horror nosso de cada dia, aquele que está bem presente nas vidas e nas relações entre as pessoas. Coisa que, de algum modo, poderia se ver em todo lugar, ou acontecer com qualquer um. Por isso mesmo, a vida revelada nesses contos pode parecer assustadora, mas com nuances e descaminhos que a fazem um eterno desafio. Nessa estrada, como avisa a placa, é melhor ficar atento e dirigir com cuidado.”                                  (Texto de Divulgação)



SOBRE ESSE NEGÓCIO DE PUBLICAR
(Por: Aquilino Paiva)


Vivo no encalço da Literatura desde que me entendo por gente. Ariano Suassuna diz que tem um momento em que o sujeito é arrebatado pela Arte. Entendo isso, pra mim, como aquela hora em que, encantado por uma forma de arte, já não basta ler, olhar, ou ouvir. Dá vontade de fazer, uma esperança de ser capaz também de criar.

Aí a pessoa vai escrevendo, e vai colocando na gaveta. Na Literatura, quase sempre se começa pela poesia. Os anos se passaram, me estranhei com a poesia (isso é outra história), comecei a pensar nas formas narrativas (isso também é outra história), e tudo ia pra gaveta, e pensar em publicar sempre parecia algo remoto. Dentro da gaveta, os textos foram se mexendo e começaram a fazer barulho, me incomodando o sono. Sou daqueles que escrevem e acham que nunca está bom o suficiente...  e os escritos fiquem quietos na gaveta, que eu quero dormir.

Depois entendi o barulho que faziam e aí resolvi publicar. Não foi considerar que agora os textos tem algum valor, sobre isso desisti de pensar. É que chega a hora que dá vontade que a coisa se complete. Explico: uma obra de Arte não é tão "do artista", quanto ele muitas vezes pensa. Utiliza-se uma linguagem, um discurso, uma técnica, formas e gêneros que já estão por aí, e faz é tempo. Tem uma comunicação, ou seja, quando você escreve e guarda lá na gaveta (ou no HD), tem um leitor que já está ali, mas você deixa ele amarrado. Isso o Sartre diz, naquele texto que é be-a-bá do curso de letras, "o objeto literário é um estranho pião, que só existe em movimento. Parafazê-lo surgir é necessário um ato concreto que se chama leitura...".

É mais ou menos isso. Era a hora de colocar o texto na praça, e avançar o sinal na relação com a Literatura. O ladrão aproveita a ocasião, e veio o edital de lançamento da Editora UFRB, Universidade Federal do Recôncavo, onde trabalho como Técnico Administrativo. Boa chance de colocar o texto à prova, já que passaria por um Conselho Editorial e Parecerista. O parecer, aliás, bastante favorável e elogioso, foi animador. Vou publicar. Revisão, diagramação, capa, prefácio, gráfica, um ano de expectativa e... taí o livro!

Ver Ponte Estreita em Curva Sinuosa, antes espectro digital, informação em bits, agora encarnado em papel, objeto livro, algo que se abre e folheia, que se balançar faz vento, é
uma realização, de fato, admito o deslumbramento de estreante. Tá no mundo, uma frágil materialidade nessa ilusão da Arte, nessa fantasia de artista, e a pergunta do que é a Literatura, não em si, mas para mim, enfim, se renova, pois jamais poderá ser respondida.


O livro: Ponte Estreita em Curva Sinuosa
Editora:UFRB
Ano: 2012
Gênero: contos
15 textos
95 páginas
Prefácio:Reheniglei Rehem
Capa:Cristiano Maia
Diagramação:Luiz Carlos Junior
Foto:Felippe Thomaz
Revisão:Lélia Sampaio







Aquilino Paiva: ilheense de nascimento, itabunense de criação. Graduado em Letras pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Mestrando em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Servidor Técnico na Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), campus Cruz das Almas (BA).


Contato para venda: axjunior@hotmail.com

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Ponte Estreita em Curva Sinuosa (Facebook):







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