

Um dia as máscaras caem. Alguns indivíduos acreditam na impunidade, amedrontam, ameaçam e violentam, certos de que seu status, seu dinheiro e seu prestígio lhe darão segur

Pois bem, pode parecer que estou divagando, mas estou somente iniciando mais um relato de violência contra a mulher. Mais um entre milhões que acontecem todos os dias, e confesso que muito me desanima ver que as estatísticas pouco têm diminuído e muitas vezes são até invisíveis em certos casos, como em ambientes acadêmicos. Então vamos lá...
Em meados do ano passado, uma aluna e funcionária da Universidade Federal de Pernambuco afirmou ter sido estuprada por um professor. Como qualquer orientanda, numa bela tarde, ela tinha uma reunião marcada com ele em sua sala para discutir sobre sua pesquisa, cujo próprio acusado se convidou para orientar. Ele inicia a conversa falando da sua enorme coleção de máscaras e blá bla bla


Corajosamente, ao sair da universidade, a aluna vai à Delegacia da Mulher e presta queixa. As delegadas no plantão indiciam o professor por estupro [já que, segundo a lei 12015 de agosto de 2009, para que haja estupro não é mais preciso a conjunção carnal; logo, o que era antes tido como Atentado Violento ao Pudor é hoje considerado estupro] e encaminham o caso ao Ministério Público Estadual. Entretanto, o promotor que recebe o caso rejeita a acusação e afirma no processo que tudo não havia passado de uma “passada de mão”

Por que isso aconteceu? Podemos especular? Primeiro, o acusado é uma pessoa muito influente, pois trabalha na área de segurança pública. Segundo: para muitos desses cidadãos que estão no poder, violência de gênero é algo que não existe e tudo acaba por se resumir em falácias, mentiras por parte das vítimas e absolvição do agressor.
Para completar, é marcada uma audiência de conciliação! Colocar frente a frente vítima e acusado. Acreditando na incompetência do Ministério Público de julgar o caso, o advogado da vítima entra na instância federal.
A própria leva todo o processo à Promotoria Federal e depois de quinze dias entra em contato com o promotor que pega seu caso. No processo ele pede a exoneraç

Nesse momento a aluna está esperando ser chamada para que o processo de depoimento e tudo mais comece. Por mais incrível que possa parecer, a justiça está fazendo a sua obrigação, que é investigar o que houve, e punir, caso o acusado seja considerado culpado. Tudo parece ir bem se não fosse o esquecimento do caso por parte tanto da universidade, quanto dos professores e profissionais e, sobretudo, por parte dos alunos.
Esse caso não foi o primeiro do professor. Junto com esta vítima, outra também o denunciou. Há outros que por medo as mulheres, alunas, professoras e profissionais não denunciam. Não é o primeiro dentro da instituição. É sabido por todo mundo que violências, sejam elas simbólicas, psic

No entanto, para mim há uma omissão e uma negligência que me parecem ainda pior: a dos alunos. Simplesmente não falam sobre o assunto. Logo que ocorreu esse último caso (até onde sabemos), eles fizeram algum burburinho, mas hoje? Uma borracha foi pass

Por isso venho, através desse relato, trazer uma reflexão: é necessário que tomemos partido. Chega de imparcialidade que só leva à impunidade; violência contra as mulheres existe sim e está batendo a nossa porta. Não precisa, se não quiserem, defender a versão da vítima, o que deve ser exigido é a apuração do caso e o não esquecimento. Cobrar, cobrar, cobrar. Cobrar para que o professor seja afastado enquanto o processo acontece. No momento não importa se ele é isso ou aquilo -- ele está sendo acusado pela justiça e continua dando aula.
Se a justiça é para todos, que julguemos todos igualmente e não ofereçamos regalias. Mas enquanto a violência contra a mulher for tratada com esse desrespeito e conivência por parte de

P.S.: A condenação saiu em maio, e desta vez a Justiça foi exemplar. O professor da UFPE e cientista político Jorge Zaverucha foi condenado a um ano e nove meses de prisão (a ser cumprido em regime aberto, mas com restrição de direitos), a pagar R$ 50 mil de indenização à aluna e dez cestas básicas por mês (durante toda a sua pena) para uma entidade beneficente, e a perder seu cargo na Federal. Obviamente, seus advogados vão entrar com recurso, pois a punição foi dura. Espero que ela seja mantida. Muitos parabéns à aluna, que teve a coragem de denunciar, e a tod@s que se mobilizaram em seu apoio. Eu, de minha parte, tenho orgulho de ter publicado este guest post. Obrigada.
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