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POBRES HOMENS OBRIGADOS A SERVIR O EXÉRCITO
Título alernativo: f*ck the army
Querido leitor homem, você prestou o exército? Na sua classe social, que provavelmente é classe média, muitos amigos seus foram obrigados a se alistar? Pergunto porque o “fator Forças Armadas”, digamos assim, é uma das principais críticas que não apenas mascus, m
as machistas de todos os naipes fazem às feministas. Nós feministas não lutamos para que mulheres também sejam obrigadas a servir ao exército! Queremos manter esse enorme privilégio de que só os homens são enviados pras guerras. Ahn, que guerra, cara pálida?Eu sou contra exército. Odeio hierarquias, então nem a pau vou ter respeito por uma hierarquia militar. Também odeio guerras. Acho que as Forças Armadas (que englobam, além do exército, também a marinha e a aeronáutica) podem ser úteis pra serviços comunitários, pra vigiar fronteiras (que eu, por mim, aboliria -– imagine there's no countries), pra auxiliar em emergências
(como em deslizamento de terras), até, talvez, pra manter a segurança em casos excepcionais (greves policiais, por exemplo). Mas pra tudo isso não seria necessário um exército. Que tal substituir o serviço militar por um serviço social obrigatório, válido para todos os brasileiros e brasileiras de uma certa faixa etária? Isso eu seria a favor.Exército é uma das instituições mais patriarcais que existem. O bullying nas Forças Armadas corre solto. É um ritual tão arraigado quanto o trote em algumas faculdades. Muitos veem esse bullying como algo positivo -– você se torna um homem após passar por aq
uele inferno. Grande coisa. Na minha opinião, isso é péssimo. Sou contra violência como forma de educação para crianças, quanto mais para adultos. Não é desse tipo de homem que a sociedade precisa. Quando a gente critica a Polícia Militar, em parte é por causa do “militar”. Pra mim, uma polícia deveria ser humanitária. O que é o oposto de militar. Guerras? Espero que o Brasil nunca mais entre em uma. Nosso exército tem muito mais experiência em derrubar governos democraticamente eleitos, manter ditaduras militares no poder, caçar comunistas, do que lutando em guerras ou defendendo interesses reais do país. Se sou contra o ex
ército, sou contra o alistamento militar. Simples assim. Seria meio contraditório se eu fosse contra o exército e defendesse que rapazes tivessem que prestar o exército. Obviamente sou contra o alistamento militar forçado para homens e mulheres. Mas, enquanto as Forças Armadas existirem, que mulheres possam entrar e virar militares tanto quanto homens, nem que seja como uma oportunidade de emprego (um recruta ganha um salário mínimo por mês). Aliás, desde 1996, mulheres podem se alistar, como voluntárias.Ironicamente, esse pessoal que só se lembra do exército quando é pra
dizer que vivemos numa sociedade b*cetista em que mulheres têm muuuito mais privilégios que homens não faz campanha pra que o alistamento militar deixe de ser obrigatório, ou pra que o exército seja abolido, para que o exército seja menos desumano, nem menos para que mulheres sejam obrigadas a servir. Nada disso. A campanha deles é outra. É para que o feminismo seja abolido. Baseando-se em quê? Ah, é que eles provaram por a mais b que vivemos numa sociedade desigual. Desigual para os homens, óbvio. Afinal, os homens precisam se alistar no exército! O que, pra início de conversa, é uma grande mentira. Pergunte num fórum mascu quantos caras lá fora
m convocados pras Forças Armadas. Olha só um dado: em 2006, dos 1.648.550 rapazes que se alistaram, só 73.200 (ou seja, 4,5%) foram efetivamente recrutados. Proporcionalmente à população, o efetivo militar brasileiro é um dos mais baixos do mundo. Muito estranho pra algo que é obrigatório pra metade da população, não? Em Joinville, tive um amigo que serviu no exército. Porque ele quis. Ele seguiu carreira militar, chegou a tenente, acho que continua na vida de quartel, depois perdemos contato. E ele me explicou que só se alista quem quer
. Que sempre tem mais garoto querendo servir do que as Forças Armadas realmente precisam. Que a enorme maioria dos rapazes que se apresentam são dispensados por excesso de contingente. Portanto, é só pra quem quiser. E querer não é poder. Mesmo entre os que querem já é difícil, porque não há tantas vagas. Muitos que querem servir precisam entrar por concurso. Ou seja, é o oposto da conscrição compulsória!E por que cargas d'água um requerimento pró-forma desses ainda não caiu? Ahn, porque o exército é uma instituição profundamente conservadora. Qualquer mudança lá leva tempo. E porque a nossa sociedade é bélica e ainda acredita na ladainha da importância das Forças Armadas pra nação. Todas essas ideias arcaicas estão baseadas num nacionalismo tacanho, e sabe no que
mais? No machismo. Não no feminismo, meus caros! Não é o feminismo que finge alistar homens, e não mulheres. É o machismo.Esse meu amigo me contou essas coisas sabe quando? Na década de 90. Tem pelo menos uns quinze anos que tivemos essa conversa. Então, ô pessoal do “Que terrível! Nós machos somos forçados a servir o exército e as mulheres não!” -– vocês e seus argumentos falidos estão defasados em pelo menos uma geração.
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