Ela é guerreira, filha de Iansã, vai voltar com o vento forte!

É movido por decepção e tristeza que venho registrar meu desalento com os caminhos escolhidos pelo STF. O mesmo que, em decisão sábia e histórica, julgou no primeiro semestre deste ano por unanimidade, o reconhecimento legal da união estável ou entidade familiar à união homoafetiva.

Da alegria desta linda decisão, chego à tristeza da outra.

Hoje, o Senado fica mais triste e as cores da Ficha Limpa se desgastam um pouco mais, levando do Senado minha mana, companheira de lutas e amiga Marinor Brito. Marinor vai, lamentavelmente, perder este mandato, mas não vai sair da luta! Ela é guerreira, filha de Iansã, vai voltar com o vento forte!

O povo Paraense hoje chora, assim como chorou pela Irmã Dorothy, pela chacina do El Dourado dos Carajás, como chora toda vez que um lutador social é agredido em qualquer área da vida, mas de uma coisa tenha certeza, esse povo forjado na luta é revolucionário e sempre se levanta em resposta contra aqueles que acham que tudo podem como fizeram na Cabanagem, onde negros, índios e mestiços se insurgiram contra a elite política e tomaram o poder na então província do Grão-Pará.

Entre as causas da revolta encontram-se a extrema pobreza das populações ribeirinhas e a irrelevância política à qual a província foi relegada após a independência do Brasil. E hoje, a pobreza econômica ainda existe e ela é tão dolorosa quando a pobreza moral e esta por sua vez, se manifesta em momentos iguais a estes que o STF impôs ao nosso povo.

O anseio popular deixou de ser o foco com tal resolução dos ministros, e a eles, lembro que a Ficha Limpa foi criada pela sociedade civil, a mesma que tem o direito inalienável de acertar e errar escolhendo seus representantes e que também, tem o direito de depor e escrever e reescrever as regras do jogo quando assim quiserem.

"Não diga que a vitória está perdida se é, de batalhas, que se vive a vida... Nada acabou!", dizia Raul Seixas, pois, como lutadora, mulher amazônica, socialista e revolucionária, sua vida, Marinor, não se resume um mandato, não se resume a eleições, mas se resume a algo de dimensões infinitas que é a luta por justiça social, pela defesa da natureza e da Amazônia e por um mundo mais fraterno e solidário.

Viva Marinor!

JEAN WYLLYS DE MATOS SANTOS - Deputado Federal