Semana passada fui ao Dragão do Mar ver um filme do Festival Varilux de Cinema Francês, que abre espaço
em 22 cidades para a produção francesa recente. Ano passado teve também, e eu não fui. E agora o trampo é tamanho, e tá tudo tão corrido, que deu pra prestigiar apenas um. Uma pena, porque dá pra ver que tá cheio de coisa boa sendo feita (vocês devem ter notado que eu mal tenho ido ao cinema nesses últimos meses).
O filme que eu e o maridão fomos ver foi Xeque Mate (Joueuse -- veja trailer sem legendas. Tem um trailer mais longo com legendas em inglês. Atenção: se você tentar baixar o filme, cuidado que tem um de Hollywood do ano passado, com o Bruce Willis e o mesmo título. Não parece ter nada a ver com xadrez. E parece ter uma única mulher, a Lucy Liu). É, confesso que fomos atraídos pela temática. Amamos xadrez,
nos conhecemos num torneio em SP, duas décadas atrás, e ele é profissional de xadrez. É o que ele faz da vida desde os treze anos. E, apesar de existirem mil e uma histórias chamadas Xeque Mate, pouquíssimas são realmente sobre xadrez. Esta é. Dirigida por uma mulher, Caroline Bottaro, escrita por outra mulher, Bertina Henrichs. Aparentemente as duas têm grande carinho pelo jogo, e também pelo gênero feminino (leia entrevista em inglês).
Xeque é sobre Hélène (Sandrine Bonnaire), uma mulher que vive na bela ilha mediterrânea de Córsega. B
ela pros turistas, porque, pros habitantes locais, deve ser o fim do mundo. Hélène é arrumadeira de hotel e leva uma vida pacata e monótona com seu marido, empregado de um estaleiro, e sua filha adolescente, revoltada por pertencer a uma família pobre. Enquanto limpa um quarto, Hélène vê, na varanda, um casal de turistas (a moça é a Jennifer Beals, mais bonita hoje que em Flashdance) jogando xadrez enquanto troca olhares e carícias de um modo bem erótico. Então Hélène pensa: opa, se xadrez é isso aí, eu também quero jogar! (Ha ha, vai nessa, tolinha!). Primeiro ela tenta seduzir o marido. Como falha, compra um tabuleiro de xadrez eletrônico e um livro para aprender. 
Ela fica fascinada ao ler que a peça mais poderosa do xadrez é a dama (ainda vou escrever um post sobre feminismo e xadrez, podem me cobrar). Isso é totalmente anacrônico no mundo que Hélène ocupa, um mundo em que as mulheres trabalham, mas ainda têm que cuidar da casa e da família, enquanto os homens trabalham, mas têm horas livres para passar com os amigos (não com a família). Como o único tempo que sobra a Hélène para estudar xadrez é à noite, e como ela vai ficando obcecada pelo jogo (todas essas cenas de jogador imaginando um piso como se fosse um tabuleiro são clichê, mas são um clichê deslumbrante, sempre com efeito fotográfico bacana), o resto de sua vida vai mudando. Além do mais, ela também é diarista na casa de
um sujeito solitário e excêntrico (Kevin Kline, falando francês como se ele fosse francês — o maridão nem o reconheceu). Ela insiste, e ele acaba jogando xadrez com ela. Não vou falar da relação deles para não entregar as surpresas. Mas adoro quando ele pergunta “Como é o seu marido?”, e ela responde “Lindo”. E por falar em linda, é interessante como Sandrinne se transforma durante o filme. Ela vai ficando mais bonita à medida que vai ficando mais livre, mais ousada, mais cheia de vida, mais confiante. Sabe como em
filme americano o patinho feio vira cisne depois de um banho de loja e maquiagem, à la Uma Linda Mulher? Pois então, não precisa disso não. Autoestima em alta é que é atraente.
Xeque é todinho sobre o processo de descoberta de uma mulher, que acontece através do xadrez. Não é panfletário, não é escancaradamente feminista. É mais ou menos sutil, como a trilha sonora do piano que acompanha a trama. Mas a mensagem não deixa muita margem pra dúvida: damas, vamos perceber nossa força no meio desse tabuleiro.

O filme que eu e o maridão fomos ver foi Xeque Mate (Joueuse -- veja trailer sem legendas. Tem um trailer mais longo com legendas em inglês. Atenção: se você tentar baixar o filme, cuidado que tem um de Hollywood do ano passado, com o Bruce Willis e o mesmo título. Não parece ter nada a ver com xadrez. E parece ter uma única mulher, a Lucy Liu). É, confesso que fomos atraídos pela temática. Amamos xadrez,

Xeque é sobre Hélène (Sandrine Bonnaire), uma mulher que vive na bela ilha mediterrânea de Córsega. B


Ela fica fascinada ao ler que a peça mais poderosa do xadrez é a dama (ainda vou escrever um post sobre feminismo e xadrez, podem me cobrar). Isso é totalmente anacrônico no mundo que Hélène ocupa, um mundo em que as mulheres trabalham, mas ainda têm que cuidar da casa e da família, enquanto os homens trabalham, mas têm horas livres para passar com os amigos (não com a família). Como o único tempo que sobra a Hélène para estudar xadrez é à noite, e como ela vai ficando obcecada pelo jogo (todas essas cenas de jogador imaginando um piso como se fosse um tabuleiro são clichê, mas são um clichê deslumbrante, sempre com efeito fotográfico bacana), o resto de sua vida vai mudando. Além do mais, ela também é diarista na casa de


Xeque é todinho sobre o processo de descoberta de uma mulher, que acontece através do xadrez. Não é panfletário, não é escancaradamente feminista. É mais ou menos sutil, como a trilha sonora do piano que acompanha a trama. Mas a mensagem não deixa muita margem pra dúvida: damas, vamos perceber nossa força no meio desse tabuleiro.
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