Permitam-me ser honesta como sempre. Antes de ir ver Assalto ao Banco Central (mas bem depois de deci
dir que queria ver o filme), fiquei sabendo, via Twitter, da polêmica envolvendo a produtora e o crítico de cinema Pablo Villaça. Não é nada tão gigantesco, então imagino que tenha um monte de gente que não sabe. Vou contar o que entendi. Pablo, que é crítico profissional com um bom tempo de estrada e muitos leitores, não gostou de Assalto (leiam sua crítica aqui; concordo com algumas coisas — é realmente absurdo o retrato do Lima Duarte no escri, ou “Banco Central” escrito em letras garrafais na tela do computador do banco —, discordo de outras). A produtora de elenco não gostou da crítica de Pablo e escreveu um tweet que parece muito preconceituoso, dizendo que Pablo (que é mineir
o) tem cara de cearense. Seria melhor ter ficado quieta, né? Até porque parte do filme foi rodado aqui em Fortaleza. E o que seria cara de cearense? Eu também tenho?
Mas desconfio por que a produtora (que é também a mulher do diretor Marcos Paulo) ficou furiosa com Pablo. Ele exagera em dizer que a aparição de um minuto da também atriz (ela faz a namorada da detetive feita pela Giulia Gam) é caricatural. Sua presença na tela é tão breve e pouco importante que acho injusto pegá-la pra Cristo. Lógico que sua personagem
não acrescenta nada pra trama, mas aí a culpa não é da atriz, é do roteiro.
Meu problema com o filme é que não entendi seu propósito. É só entretenimento? Porque, se for, ele não faz rir (na sessão em que eu estava, houve alguns poucos risos baseados unicamente no personagem gay interpretado por Vinicius de Oliveira), não comove, não faz perder o fôlego nas cenas de ação ou
de sexo. Li no site deles que o filme é uma obra de ficção. Deve ser, porque eu saí do cinema sabendo menos sobre o assalto ocorrido em Fortaleza do que quando entrei. E, pô, eu fui pra me informar mais sobre a história do maior assalto a banco no Brasil!
Tudo bem, não esperava um documentário. Mas queria conhecer melhor os participantes, suas conexões, o que aconteceu com eles, talvez suas motivações. E também queria saber um pouco mais sobre o local em que o assalto aconteceu. Infelizmente, o filme mostra tão pouco de Fortaleza que poderia ter sido filmado em qualquer lugar. Não deu nem pra saber aonde fica o tal ba
nco.
Eu morava em Santa Catarina na época do assalto, em agosto de 2005. Foi um crime espetacular e muito noticiado pela mídia: um túnel imenso cavado por baixo do banco, e quase 165 milhões de reais roubados. Obviamente envolvia uma grande quadrilha, sem lugar pro amadorismo. Mas meu interesse maior ao longo desses seis anos foi constatar aquele velho clichê de que o crime não compensa. Toda notícia que saía no jornal era de um integrante preso, morto, ou sequestrado, quase sempre extorquido por
policiais e outros bandidos. Sei que pouco dinheiro foi recuperado (cerca de 20 milhões em dinheiro e mais outros 20 em bens).
Quase nada disso aparece no filme. Tá, mas se não vão mostrar o planejamento ou a execução do crime, pelo menos vão mostrar o que cada participante faz com o dinheiro, certo? Ahn, não. E olha que essas partes costumam ser minhas fantasias preferidas. Você cometeu um crime e/ou precisa sumir da face
da Terra. O que fazer? Praonde ir, pruma cidadezinha no fim do mundo ou pruma metrópole bem distante? Como mudar o nome? Como lavar o dinheiro? Tem como depositá-lo num banco suíço? Eu e o maridão conversamos sobre o assunto após a sessão e constatamos que não levamos o menor jeito pra coisa. Não temos qualquer inteligência criminal. Mas juro que o papo foi mais interessante que o filme.
Desculpe, o elenco tá bem, o filme até tem um ritmo decente, pelo jeito a bilheteria tá indo de vento em popa, e eu sempre torço pro cinema brasileiro dar certo. Mas a
chei Assalto muito decepcionante. E mais não tenho vontade de falar sobre ele.
Pronto. Se alguém quiser me achar com cara de cearense, já vou avisando que adoro esta cidade e este Estado que escolhi pra morar desde o ano passado. Mas sou tão cearense quanto fui americana durante o ano em que vivi nos EUA.


Mas desconfio por que a produtora (que é também a mulher do diretor Marcos Paulo) ficou furiosa com Pablo. Ele exagera em dizer que a aparição de um minuto da também atriz (ela faz a namorada da detetive feita pela Giulia Gam) é caricatural. Sua presença na tela é tão breve e pouco importante que acho injusto pegá-la pra Cristo. Lógico que sua personagem

Meu problema com o filme é que não entendi seu propósito. É só entretenimento? Porque, se for, ele não faz rir (na sessão em que eu estava, houve alguns poucos risos baseados unicamente no personagem gay interpretado por Vinicius de Oliveira), não comove, não faz perder o fôlego nas cenas de ação ou

Tudo bem, não esperava um documentário. Mas queria conhecer melhor os participantes, suas conexões, o que aconteceu com eles, talvez suas motivações. E também queria saber um pouco mais sobre o local em que o assalto aconteceu. Infelizmente, o filme mostra tão pouco de Fortaleza que poderia ter sido filmado em qualquer lugar. Não deu nem pra saber aonde fica o tal ba

Eu morava em Santa Catarina na época do assalto, em agosto de 2005. Foi um crime espetacular e muito noticiado pela mídia: um túnel imenso cavado por baixo do banco, e quase 165 milhões de reais roubados. Obviamente envolvia uma grande quadrilha, sem lugar pro amadorismo. Mas meu interesse maior ao longo desses seis anos foi constatar aquele velho clichê de que o crime não compensa. Toda notícia que saía no jornal era de um integrante preso, morto, ou sequestrado, quase sempre extorquido por

Quase nada disso aparece no filme. Tá, mas se não vão mostrar o planejamento ou a execução do crime, pelo menos vão mostrar o que cada participante faz com o dinheiro, certo? Ahn, não. E olha que essas partes costumam ser minhas fantasias preferidas. Você cometeu um crime e/ou precisa sumir da face

Desculpe, o elenco tá bem, o filme até tem um ritmo decente, pelo jeito a bilheteria tá indo de vento em popa, e eu sempre torço pro cinema brasileiro dar certo. Mas a

Pronto. Se alguém quiser me achar com cara de cearense, já vou avisando que adoro esta cidade e este Estado que escolhi pra morar desde o ano passado. Mas sou tão cearense quanto fui americana durante o ano em que vivi nos EUA.
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