Friday, September 9, 2011

CHEINHAS DE SI

Uma leitora me recomendou por email este Bate-papo UOL com Fluvia Lacerda. Ok, eu nunca tinha ouvido falar na Fluvia, mas aprendi que ela é uma modelo brasileira plus size de 31 anos que mora e faz sucesso em Nova York. Quando ela tinha 23 anos, estava em NY porque queria trabalhar na ONU. Já tinha uma filha. Foi uma olheira (descobridora de talentos, é isso?) que chegou pra Fluvia num ônibus em Manhattan e perguntou qual o seu manequim. Ela achou a pergunta mal-educada, mas respondeu. Não sabia que havia um grande mercado no exterior para modelos que vestem entre 42 a 48. Ela conta na entrevista que sempre teve este tipo de corpo e que nunca desejou ser magra: “Nunca fiz essa associação que pra ser feliz eu devia ser magra, ou que pra ter vida amorosa eu tinha que ser magra”. Como ela sempre se sentiu confortável consigo mesma, não foi afetada pelo que deveria ser, nem deixou de fazer qualquer coisa devido ao seu biotipo. Sempre foi fisicamente ativa, sempre se vestiu bem (não compra roupa “que emagrece”, ou roupa menor que ela), não se deixou abater por ser gordinha. Ela pede para que as mulheres não se deixem afetar pelo padrão único, que é mesmo calculado pra nos deprimir e pra vender, e que exerçam seu poder como consumidoras. Mais pra frente, ela pretende lançar uma grife com seu nome no Brasil. Segundo ela, “Não basta pegar uma roupa e adicionar mais tecido”, precisa ter uma moda própria. “Não tente se espremer”. Concordo com o recado que uma espectadora mandou pra Fluvia: “Você passa muita segurança pras meninas que estão acima do peso”. Sem dúvida. É certeza que haveria menos distúrbios alimentares se mais gente como Fluvia ganhasse voz na mídia.
E, claro, se a mídia não cometesse atrocidades como essa:Parece matéria paga!

Sem a menor responsabilidade, a Veja deu capa pra um remédio pra diabetes, recomendando que ele seja usado para emagrecer. Não precisa ser médico pra saber que é perigoso usar uma medicação feita pra uma coisa pra combater outra coisa, ainda mais sem testes. A Anvisa correu pra alertar às consumidoras (porque, óbvio, a esmagadora maioria de usuári@s de emagrecedores é mulher, já que ser jovem, linda e magra continua sendo nossa única missão na vida) dos efeitos colaterais.
Olha, temos mais escolhas do que pensamos. Podemos ser saudáveis e viver a vida numa boa. Ou podemos dar ouvidos pra mídia, pros bullies (que agem como se estivessem eternamente na quarta série e parecem ter saudades da época em que chamavam a coleguinha de gorda baleia balofa), e pra sociedade em geral, que insiste que mulher gorda é horrorosa e nunca vai atrair ninguém.
Todo mundo tem amig@s gord@s, e é só olhar pras pessoas nas ruas pra perceber que elas vem em todas as formas, tamanhos e cores. Que é raríssimo ver alguém minimamente parecida com a Gisele. E que todas essas pessoas, com todas suas imperfeições, não estão sozinhas. Os casais são bem variados.
E agora vou fazer uma revelação bombástica. Uma das mulheres que mais está sendo criticada atualmente por fazer sexo casual com vários parceiros é a Letícia, do blog Cem Homens em um Ano. Ela meio que desistiu da sua meta, que nunca foi realmente uma meta séria. O que ela quer é exercer sua sexualidade livremente e transar com quem quiser, com quantos quiser. Bom, Letícia recebe inúmeros convites por dia. Se ela quisesse, teria uma fila pra levar pra cama. E, muito antes do blog, Letícia já transava muito. Tudo isso talvez você já saiba. O que você talvez não saiba é que Letícia é gordinha. É sim, ela revelou isso sem muito estardalhaço num post, e eu já tinha visto um vídeo com ela. Sei seu nome verdadeiro, que não revelo nem sob tortura, porque respeito sua privacidade. Só falo aqui do seu tipo físico depois que ela disse ser gordinha. Claro que eu estava ansiosa pra que ela fizesse isso, porque é um choque pra tantos paspalhos que juram que gorda morre só e fazem questão de patrulhar os amigos que transam, namoram e casam com gordas. Na vida real poucas são Giseles (ou Brad Pitts). Mas não se esqueçam que as não-Giseles têm, ou podem ter, vidas perfeitamente felizes e completas.
Fluvia e Letícia têm algo em comum, fora o fato de serem cheinhas: autoconfiança. É isso que é sexy. É isso que atrai.

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