Thursday, October 27, 2011

Pintados para guerrear, povos do Xingu bloqueiam Transamazônica, ocupam Norte Energia e dizem não à Construção da Usina de Belo Monte

Chamados para o Seminário Mundial contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, Senadora Marinor Brito e deputado Edmilson Rodrigues, participam do debate e acompanham mobilizações contrárias à construção de barragem na volta grande do Xingu

O sol ainda não havia raiado na floresta, pouco antes das 5 horas da manhã desta quinta-feira (27), quando o grito de guerra de caciques e guerreiros de 18 etnias começava a ecoar. Lado a lado com pescadores e ativistas de movimentos sociais, sindicais, juventude e de ambientalistas vindos dos mais variados lugares da Amazônia, interditaram por mais de 12 horas a rodovia Transamazônica, na altura do Km 50, em Vitória do Xingu (cerca de 950 Km de Belém), em frente às instalações da Norte Energia e em seguida ocuparam o canteiro de obras da empresa.
Como participantes do Seminário Mundial: Territórios, Ambiente e Desenvolvimento na Amazônia, a senadora Marinor Brito e o deputado Edmilson Rodrigues foram convidados pelas lideranças indígenas para o debate e a acompanharem a ocupação das instalações da Norte Energia.
Uma das mesas de debate mais importante, reuniu Marinor Brito e Edmilson Rodrigues com pescadores e caciques de diversas etnias. A posição das lideranças indígenas em tom de chamado para a guerra contra a construção de Belo Monte, deixava claro que se o governo e a justiça brasileira não pararem a obra, os povos da florestas iriam usar seus braços, fogo e sua força para impedir a destruição do rio Xingu.

"Se a caneta não resolver, nos usaremos a força que
dispomos para parar Belo Monte imediatamente!"

- Estamos muito tristes com a presidenta do Brasil. Ela, está fazendo muita coisa errada para nosso povo e esperamos que a justiça em Brasília, pare imediatamente Belo Monte. Se não parar, nos estamos prontos para ir lá e parar e queremos compartilhar com os parlamentares do PSOL a nossa indignação e estender esse convite, pois, não toleramos mais a exploração e a enganação do nosso povo, pois é assim que os governos brasileiros têm tratado os índios durante séculos. Se a caneta não resolver, nos usaremos a força que dispomos para parar Belo Monte imediatamente, disseram em tom de convocação, os caciques.

Em sua fala, a senadora Marinor Brito respondeu ao chamados das lideranças indígenas e deixou claro que a luta para parar Belo Monte é uma das questões de maior interesse do mandato no Congresso Nacional.

Não abrimos mão de lutar pela preservação de rios e florestas, condição
essencial para a sobrevivência dos amazônidas brasileiros.

- Um dos meus primeiros pronunciamentos foi para desmascarar a farsa de Belo Monte e quero deixar claro e no que depender do nosso mandato no senado federal, continuaremos cobrando do governo brasileiro o respeito à vida e ao direito indiscutível dos povos da Amazônia de viverem no Rio Xingu. Não abrimos mão de lutar pela preservação de rios e florestas, condição essencial para a sobrevivência dos amazônidas brasileiros. Fora usina Belo Monte da nossa região! Xingu vivo para sempre! Viva os povos tradicionais!, disse, emocionada, a senadora do PSOL.

Em tom de desabafo e indignação, o deputado Edmilson Rodrigues usou da palavra para ajudar na resistência contra a construção da usina de Belo Monte e afirmou que é companheiro de lutas e está a disposição para resistir juntamente com os povos da florestas à violência do Estado brasileiro.

"Vamos à luta contra a construção de Belo Monte e podem contar com
nosso mandato parlamentar nessa difícil tarefa em que a resistência é o primeiro
passo para sermos vitoriosos"

A resistência indígena é um exemplo de que o povo pode exercer o poder em benefício da grande maioria da população, do povo decidir seu próprio futuro. É por isso, que eles [governo e elite econômica] querem destruir a resistência dos povos da florestas. É por isso que alguns órgãos de comunicação não vão divulgar a violência que os índios estão sofrendo no rio Xingu, porque eles querem dizer para todo mundo que está todo mundo feliz com a construção da usina de Belo Monte. E dizem que em Altamira o povo está feliz, porque vai gerar emprego, trazer felicidade e nós sabemos que isso é mentira. Quem não for rico vai ficar sem casa própria, porque a especulação imobiliária já começou, as crianças já estão fora da escola e que não tem plano de saúde vai morrer nas portas das unidades públicas de saúde. Eles são muitos fortes, mas a nossa capacidade de luta é muito maior, de resistência, de rebeldia, de não aceitar sob hipótese alguma, ver os nossos curumins passando fome nas ruas ou sendo vítima da violência sexual. Vamos à luta contra a construção de Belo Monte e podem contar com nosso mandato parlamentar nessa difícil tarefa em que a resistência é o primeiro passo para sermos vitoriosos, disse Edmilson.

ANÁLISE: BALANÇO POSITIVO

"Saímos de cabeça erguida, fortalecidos. Saímos não por decisão da justiça ou
da meia dúzia de policiais que estão a serviço do grande capital.
Saímos porque a missão que nos demos foi cumprida"

Para Fernando Carneiro, do PSOL e do Comitê Metropolitano do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, a radicalização da luta foi um acerto. Segundo Carneiro, há muito que o Brasil e o mundo esperam por um gesto mais enfático contra a construção de Belo Monte. Durante mais de 12 horas o povo mostrou que a luta continua. Que Belo Monte não é um fato consumado.

- Saímos de cabeça erguida, fortalecidos. Saímos não por decisão da justiça ou da meia dúzia de policiais que estão a serviço do grande capital. Saímos porque a missão que nos demos foi cumprida. O recado foi dado: não aceitaremos essa obra faraônica e falaciosa, disse Fernando.

O dirigente do PSOL, afirmou ainda que a ocupação inaugura uma nova fase da luta.

- Agora é o momento de nos fortalecermos na própria região. Devemos intensificar o processo de organização e de conscientização da população local que já sente na pele os impactos dos grandes projetos. Ao mesmo tempo temos que falar para fora, para milhares e milhões que estão indignados com a teimosia de Lula e Dilma. A batalha é dura, mas imbuídos da sabedoria milenar de nossos ancestrais, os índios, venceremos. O vigoroso grito de guerra que lançamos aqui, ecoará por todos os cantos do planeta: PARE BELO MONTE!, disse Carneiro.

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