Sunday, October 9, 2011

A PROFESSORA E O GOVERNADOR

Estou indignada com o tratamento que o governo do Ceará vem dispensando aos professores estaduais. O CE é um entre vários estados brasileiros que se recusa a pagar o piso salarial que o governo Lula instituiu em 2006. Este piso é extremamente importante. Eu lembro quando toda semana algum noticiário de TV mostrava uma professora (quase sempre era professora) em alguma cidadezinha distante e o sacrifício que era dar aula num lugar sem a menor infra-estrutura. A reportagem sempre dizia quanto essa profissional recebia ― 150, 300 reais por mês... Era menos que um salário mínimo. Então o governo federal sancionou que nenhum professor, em nenhum canto do país, poderia receber menos que o piso salarial (que não é nenhuma fortuna: R$ 1187). Só que a maior parte dos estados não cumpre essa simples determinação. São Paulo, inclusive, o estado mais rico da federação, não paga o piso. E o Ceará tampouco. Os professores daqui estão em greve há dois meses (a greve foi suspensa por um mês na última sexta), e durante esse tempo, o governador Cid Gomes (PSB) só tem falado besteira. Disse que professor não deveria trabalhar por salário, mas por amor, que quem não está feliz com o salário na rede pública deveria ir pra particular... E no final de setembro o governo jogou o batalhão de choque em cima dos manifestantes, o que repercutiu internacionalmente. Os professores protestavam que os deputados estaduais (quase todos pertencentes à base do governador) aprovaram lei que praticamente extingue diferenças salariais para profissionais de titulação diferente. Agora um professor com doutorado vai ganhar apenas pouquinho a mais que um só com graduação. Os valores irão do piso, de R$ 1187, ao nível 10, de R$ 2255. Dá pra acreditar? Este será o salário máximo que um professor com titulação de doutor e muito tempo de carreira vai sonhar em receber na vida! O que isso quer dizer? Que muito em breve não haverá mais mestres e doutores lecionando na rede pública estadual. Aprovaram algo parecido em SC outro dia. É absolutamente vergonhoso. Espero que vocês concordem que um professor deve ganhar mais de acordo com sua titulação. Senão, por que alguém sacrificaria seu tempo para cursar um mestrado e doutorado? Só pelo amor à profissão? Por que esse “amor à profissão” só é cobrado dos professores? Os professores estaduais devem pagar suas contas apelando para o “amor” do dono do supermercado, da padaria, da empresa telefônica?
Não vou me estender sobre o assunto porque estou sem tempo nenhum. Mas ontem recebi um email que ilustra, de forma bem-humorada, o que vem acontecendo. Lá vai:

Havia certa vez um homem navegando em um balão por um lugar desconhecido. Como ele estava perdido, gritou para uma pessoa embaixo:
- Ei, você aí, aonde eu estou?
A jovem respondeu:
- Você está num balão a 10 m de altura!
Então o homem fez outra pergunta:
- Você é professora, não é?
A moça respondeu:
- Sim... puxa! Como o senhor adivinhou?
E o homem:
- É simples, você me deu uma resposta tecnicamente correta, mas que não me serve para nada.
A professora perguntou:
- O senhor é Cid, governador do Estado do Ceara, não é?
E o homem:
- Sou... Como você adivinhou?
E a Professora:
- Simples: o senhor está completamente perdido, não sabe fazer nada e ainda quer colocar a culpa no professor.

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