Sunday, November 20, 2011

20.11.2011 - Consciência Negra

Batuque
(1) – "Nêga qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!
– Nêga qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!"

CANTIGA DE BATUQUE – (MOTIVO)
RUFA o batuque na cadência alucinante
– do jongo do samba na onda que banza.
Desnalgamentos bamboleios sapateios, cirandeios,
cabindas cantando lundús das cubatas.

Patichoulli cipó-catinga priprioca,
baunilha pau-rosa orisa jasmim.
Gaforinhas riscadas abertas ao meio,
crioulas mulatas gente pixaim...

(1) – "Nêga qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!
– Nêga qui tu tem?
– Maribondo Sinhá!"

Sudorâncias bunduns mesclam-se intoxicantes
no fartum dos suarentos corpos lisos lustrosos.
Ventres empinam-se no arrojo da umbigada,
as palmas batem o compasso da toada.

(2) – "Eu tava na minha roça
maribondo me mordeu!..."

Ó princesa Isabel! Patrocínio! Nabuco!
Visconde do Rio Branco!
Euzébio de Queiroz!

E o batuque batendo e a cantiga cantando
lembram na noite morna a tragédia da raça!

Mãe Preta deu sangue branco a muito "Sinhô moço"...
(3) – "Maribondo no meu corpo!
– Maribondo Sinhá.!"

Roupas de renda a lua lava no terreiro,
um cheiro forte de resinas mandingueiras
vem da floresta e entra nos corpos em requebros.

(1) – "Nêga qui tu tem?
– Maribondo num dêxa
– Nêga trabalhá!..."

E rola e ronda e ginga e tomba e funga e samba,
a onda que afunda na cadência sensual.
O batuque rebate rufando banseiros,
As carnes retremem na dança carnal!...

(3) – "Maribondo no meu corpo!
– Maribondo Sinhá!
– É por cima é por baxo!
– é por todo lugá!"


Bruno de Menezes, Batuque.

No comments:

Post a Comment

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...